Vereadores divergem de opinião ao discutirem sobre o Censo de 2022 no município de Caxias

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Na audiência pública que discutiu na Câmara Municipal de Caxias, nesta quarta-feira, 08, os problemas do Censo de 2022, que ainda está em andamento até o final deste mês de março, vários parlamentares e populares se manifestaram, ora interpelando o consultor da Prefeitura de Caxias, Daniel Mota, que ofereceu uma palestra minuciosa sobre o caso, ora colaborando com informações pertinentes ao tema. Dois vereadores, no entanto, Torneirinho (PV) e Antônio José Ximenes (Republicanos), divergiram em alguns pontos da discussão.

Primeiro a pronunciar no plenário, o vereador Torneirinho começou lamentando a ausência de uma representação do IBGE na audiência, para ele, um fato injustificável, em função de ser o órgão encarregado de fazer o censo em Caxias, bem como do Ministério Público, haja vista que o trabalho a ser desenvolvido forçosamente ensejará tomadas de providências legais. Em contraposição ao que apresentara o palestrante, Torneirinho acha que a participação do IBGE em Caxias foi extremamente irresponsável. Segundo ele, primeiro, porque não buscou ajuda do poder público, e segundo, porque trabalha de maneira isolada. Na sua concepção, Caxias pode até não perder nada em relação ao Fundo de Participação do Município (FPM), mas não ganhará nada também, se tivesse sido feito um trabalho correto.

Para o parlamentar, o trabalho dos recenseadores na zona rural, área em que atua com desenvoltura, não poderia ter sido feito durante a semana, período que os trabalhadores ficam na roça, e sim aos sábados e domingos, quando se encontram em casa. E disse que nos conjuntos residenciais Eugênio Coutinho, Vila Paraíso e Santa Teresinha, onde, somando o todo, dá mais de cinco (05) mil casas, a maioria constituída de pais de família que trabalham no centro de Caxias, o fenômeno se dá do mesmo jeito e até com situações em que os moradores viajam para outros lugares nos fins de semana, dificultando ainda mais a tarefa dos recenseadores.

Todas essas dificuldades enfrentadas pelos coletores do censo e mais a contensão de despesas do governo federal, que inviabilizou o trabalho por produção dos mesmos aos sábados e domingos, contribuíram para fortalecer as irregularidades anotadas no censo de Caxias. No seu entender, as informações dos agentes municipais de saúde deveriam ter sido levadas em conta, até porque esses servidores estão acostumados a visitar e a conhecer em detalhes todas as famílias do município.

Ver. Torneirinho (PV)

Citando outra anormalidade, Torneirinho, duvidando da contabilidade de dados em favor de Caxias, informou que no povoado caxiense Monte Valeriano, que fica a 70 quilômetros da sede do município e faz fronteira com Matões, onde vivem 78 famílias e existem mais oito povoados em seu entorno, a equipe que fez o censo de lá foi a do município vizinho. Ele revelou que a mesma coisa aconteceu na região que faz fronteira com Codó, com Timon, com Parnarama, e que isso dá uma subtração de índice para Caxias de mais de quatro (04) mil pessoas. E fechou a sua participação afirmando que a Prefeitura de Caxias não pode ser responsabilizada pela situação, admitindo que esse crédito quem tem é a Superintendência do IBGE no Maranhão, que deve ser objeto até de uma ação cível pública, em caso de Caxias vir a ser penalizada.

Já o vereador Antônio José Ximenes (Republicanos), ao se manifestar na audiência pública sobre o Censo 2022, no Município de Caxias, destacou que o caso não era a primeira vez, e que a cidade já havia passado por uma situação igual no passado, na qual foi vivenciado o pior, quando foi perdido o coeficiente especial do FPM, o índice 4.0, em razão de queda de população. O vereador, contudo, se contrapôs a Torneirinho, dizendo que não veio para atacar, falar mal de funcionários do IBGE, que para ele são funcionários públicos concursados que merecem o respeito de todos da Casa e não podem fazer mais do que aquilo que está ao seu alcance.

AX, dialogando com o palestrante e consultor da Prefeitura de Caxias Daniel Mota, evidenciou que é bem sabido por todos que esse censo foi polêmico e uma herança da gestão anterior do governo federal, a qual não quis disponibilizar recursos no orçamento da União para realizá-lo, e isso está agora acarretando muito prejuízo aos municípios, situação que, às vezes passa despercebida dos cidadãos. “Mas nós sabemos que os recursos da saúde, da educação, eles, quase que na sua totalidade, são per capita; então, se o município perde população, ele vai perder recursos e, se perdemos recursos, a população vai sofrer ainda mais do que vem sofrendo com as administrações atuais, não é verdade?”, questionou, afirmando que os parlamentares têm que fazer a sua parte, e era o que estavam fazendo, parabenizando o presidente Ricardo Rodrigues (PT) por ter convocado a audiência pública, e também fazendo justiça ao IBGE local.,

O vereador ressaltou que o IBGE de Caxias é dirigido por pessoa altamente qualificada e funcionários dedicados, que fazem o que é possível. E disse que, antes do censo começar a ser feito, foi procurado pela direção do órgão, que lhe solicitou ajuda porque estava tendo dificuldade para marcar uma audiência com o prefeito municipal. “Fizemos uma reunião junta conjunta com o prefeito municipal, que disponibilizou os meios que eles solicitavam na época, como local para instalar ponto de coleta. E tudo isso nós facilitamos e funcionou dentro do limite possível”, explicou.

Ver. Antônio Ximenes (Repúblicanos)

Ximenes falou também sobre a difícil rotina do recenseador concursado em 2022. “O cara faz o seletivo para ser recenseador, e vai ganhar por produção. Ora, ele não vai andar 10 km, e se tiver que voltar ao lugar quatro vezes, terá andado 40 Km. Assim, o cara vai uma vez, no máximo duas, isso aqui na cidade. Na zona rural, com certeza ele não vai essas quatro vezes nunca. Eu dou um exemplo próprio: moro quase no centro da cidade, num bairro bem próximo, e a minha família não foi recenseada. Mas não sou eu o caso único, a nossa cidade tem muitos casos com semelhanças, e aqui mesmo, na Câmara, o presidente me falou também que a família dele não foi recenseada. Então, qual é o nosso papel? Não é só porque já estamos garantidos no nosso fundo especial que nós vamos cruzar os braços, deixar de divulgar e pedir aos nossos amigos, porque todo mundo hoje tem facilidade de comunicação, e os meios de comunicação estão aí à disposição de todos”, explicou.

O parlamentar também observou a questão de limites intermunicipais, que, segundo, ele, sempre irão existir, e lembrou que São José de Ribamar, que até outro dia era uma colônia de pescadores, hoje não consegue se distinguir dos limites da capital do estado, São Luís. Segundo ele, é uma questão de vai para lá, vem para cá. Contudo, afirmou que já teve conversa nesse sentido com a agência local do IBGE, ressaltando que essas questões de demarcação territorial envolvendo os limites de Caxias já são do conhecimento do órgão, mais especificamente os casos dos povoados Monte Valeriano, na divisa com Matões, Santa Maria, na divisa com Timon, e mesmo Caiçara, na divisa com Coelho Neto, que fica a uma distância aproximada de 126 quilômetros. Ximenes até admitiu que, em relação ao último censo, Caxias tenha reduzido seu índice de natalidade, porque as famílias, em razão das dificuldades econômicas, estão fazendo mais controle de natalidade, mas entende também que a cidade se transformou hoje em um polo universitário que trouxe muita gente de fora para aqui residir. Disse que até acredita que a população tenha diminuído um pouco, mas não ao ponto de chegar ao nível que está sendo apontado.

E, concluindo, destacou que tem a convicção de que com o apoio de todos caxienses, de todos os parlamentares da CMC, o forte trabalho de divulgação que está sendo feito, em busca de apoio de amigos, de parceiros, será encontrado, antes do final do censo, o número real da população caxiense