Ao participar dos debates da audiência pública sobre o Censo 2022, no Município de Caxias, na quarta-feira, 08, trabalho que ainda está em andamento por todo o mês de março do ano em curso, o vereador Catulé (Republicanos) ressaltou em plenário que aquela reunião, para ele, significava o começo do fim, e estava sendo uma prova de que qualquer discussão mais acertada no parlamento caxiense só ocorre na iminência da cidade perder recursos.
O parlamentar, enfatizando que sabe do que está falando, porque está há mais de três décadas no legislativo caxiense, destacou, para o palestrante da prefeitura de Caxias Daniel Mota e para o plenário, que a população só vem à CMC em momentos de discussões calorosas. Ele apontou, como exemplo, que a plateia presente era constituída, naquele momento, em sua maioria, por funcionários da prefeitura, e que o povo local, a despeito de qualquer coisa, não sabe o que vai padecer, o que vai sofrer, em relação ao censo do município, e por isso estava ausente e mesmo deixando de participar do trabalho que está sendo executado pelo IBGE. Para Catulé, Caxias está vivenciando uma decadência histórica que vem se firmando nos últimos dez anos, por falta de representatividade no Congresso Nacional e na Assembleia Legislativa Estadual. “Quando entrei pela primeira vez aqui, a nossa cidade era a segunda do Maranhão, e Imperatriz era apenas uma cidade de nômades. Mas, depois, passou a terceira, passou a quarta, e eu já havia dito que daqui a dez anos irá estar em quinto ou em sexto lugar”, salientou.
Segundo o vereador decano da CMC, falar do IBGE é idiotice, porque se trata de uma instituição de censo, que é para quem sabe discutir estatística, para quem observa, e não precisa ter olho de sociólogo nem de economista e nem de advogado, como ouvira uma pessoa da plateia dizer em momento anterior. Na sua opinião, para começo de conversa, Caxias nem um plano diretor tem para nortear as coisas no município, e daqui a alguns dias não terá zona rural, porque a zona urbana está avançando e não se conhece, portanto, o que é lei de zoneamento. “E não vou nem falar do êxodo rural não, porque ele não vem para cá não. As pessoas estão indo para Mato Grosso, para Goiás, e por que? Porque aqui não temos uma política de segurar o trabalhador, e muito menos de atração de grandes indústrias para oferecer empregos”, justificou, dizendo ainda que, para ele, a reunião não passava de uma discussão inócua, porque o Supremo Tribunal Federal já manteve o FPM da cidade.
Catulé achou descabido o tratamento que chegou a ser apresentado na casa contra o IBGE de Caxias, um órgão que considera eficiente, ao ponto de seus funcionários, às vezes, almoçarem, jantarem, tomarem café e dormirem dentro dele. “Lá, são todos probos e fazem estatística correta, e fazem das tripas coração, quando chega o hora do censo, e saem bajulando até para arrumarem uma cadeirinha para sentar”, defendeu, afirmando depois que muitas das falhas nos censos decorrem do desinteresse dos prefeitos quanto à questão do zoneamento territorial. “Isso não acontece só hoje, vem de muitas décadas atrás”, pontuou, lembrando de um problema no povoado Cabeceira da Bacaba, que faz fronteira com o município de Timon. “Para mim, o censo de agora está refletindo a realidade. Só eu, como besta, sonhando, acreditava que já tínhamos chegado a 180 mil habitantes. E o que foi que aconteceu que Timon não caiu, que São José de Ribamar não caiu? Será que tem uma caveira de cavalo enterrada no nosso município?”, questionou, em tom de protesto e decepção.
Para o parlamentar, é pensar de maneira incauta, achar que Caxias não pode ter menos habitantes do que dez anos atrás, considerando que se tornou uma cidade universitária que, como tal, tem atraído muitas pessoas para viverem na cidade. Essas pessoas, estudantes, professores, são moradores sazonais, voláteis, porque todo mês de dezembro retornam para o lugar de onde vieram. Noutro momento da sua participação, o vereador assinalou que no legislativo caxiense sempre acontecem as brigas nos debates sobre temas importantes, como esse do censo, mas, depois, o assunto morre. E falou sobre a questão do aterro sanitário, problema que afeta a cidade, ainda sem solução, a qual, só não está trazendo problemas agora porque o prefeito tem muita sorte da chuva ter começado a cair e ninguém está podendo tocar fogo no lixão do Teso Duro, uma desgraça que vai começar logo que começar o verão.
De acordo com Catulé, um secretário de Obras saiu da gestão para fazer parte de uma empresa que instalará o aterro sanitário de Caxias. Esse aterro, na sua concepção, tem de ser acompanhado de uma usina de reciclagem de lixo, para gerar emprego para a população, mas o assunto morreu, e isso era tema. também para ser discutido em audiência pública. “Há dez anos não tem uma audiência pública com membros do município, para virem prestar esclarecimentos. Agora nós estamos vendo uma desgraça nos setores de educacão e de saúde, uma desgraca… Aí sim era a hora de chamar pra audiência pública, pra botar, quero ver botar o microfone, bem aí, pro povo falar sobre essa desgraça que está acontecendo no município. Sou aliado do prefeito, mas não sou alienado nem devo ao prefeito meu mandato. Eu falo o que eu penso com propriedade”, afirmou.