Sob a direção do vereador Teódulo Damasceno de Aragão (PP), presidente da Câmara Municipal de Caxias (CMC), o legislativo caxiense, com a participação dos vereadores Torneirinho (PV), Charles James (Solidariedade) e Gentil Oliveira (PV), promoveu concorrida audiência pública na manhã desta sexta-feira, 13, em sua sede, voltada para o tema da acessibilidade e caminhabilidade no Centro Histórico da Princesa do Sertão Maranhense. O evento foi da iniciativa do presidente da Casa, após ter sido procurado por professores e alunos dos cursos de arquitetura e engenharia da faculdade Unifacema.
A audiência teve início com a exposição do tema por 10 acadêmicos dos cursos de arquitetura e de engenharia, abordando assuntos como padronização de calçadas, sinalização, acessibilidade em edificações e em ruas, bem como os maiores entraves atualmente em voga, que são as barreiras classificadas em modelo urbano (calçadas irregulares) e arquitetônico (entradas de prédios) no centro histórico de Caxias. Os alunos foram acompanhados pelos professores Pedro Henrique Tajra, Mikael Ferreira e Ezíquio Barros Neto.
Os expositores apresentaram também modelos de sinalização e sentido de tráfego para melhorarem a locomoção das pessoas no perímetro central, e colocaram para a plateia o que acreditam possa ser feito em nível de engenharia de transporte e de tráfego, a fim de permitir que centro histórico possa se apresentar com uma mobilidade sustentável e socialmente inclusiva.
No cômputo geral, de acordo com os estudantes, em relação à circulação de veículos, há que ser feita uma delimitação melhor das áreas de estacionamento, além de uma fiscalização eficaz e até mesmo punitiva em certos casos pelos órgãos competentes, mesmo admitindo-se que primeiro seja oferecida uma maior transparência a todas as intervenções que porventura venham a ser feitas. As praças centrais de Caxias, hoje plenamente ocupadas pelo comércio ambulante no horário comercial, só poderão receber uma atenção adequada quando da inauguração do Shopping do Cidadão, que tem a pretensão de abrigar os muitos trabalhadores que atuam no comércio informal.
A plateia também se manifestou, através da intervenção de um estudante de engenharia, que ilustrou suas palavras dizendo da viagem que fez a uma pequena cidade do interior de Goiás, onde verificou que a caminhabilidade e a acessibilidade na cidade era impecável, acentuando que o mesmo também pode ser feito em Caxias. A questão, conforme ressaltou, não está ligada ao fato das coisas acontecerem sempre nas cidades maiores, mas só dependem da boa vontade dos gestores e que os demais poderes cobrem, inclusive o poder legislativo.
O tenente Ruan, do Corpo de Bombeiros de Caxias, convidado a se manifestar, disse dos problemas que a sua corporação imagina enfrentar, por conta das muitas anormalidades hoje na área central da cidade, para atender a um inesperado sinistro a qualquer momento.
Também usando a palavra, o vereador Gentil Oliveira parabenizou a iniciativa da presidência em proporcionar uma discussão tão salutar para Caxias, na qual, conforme seu entendimento, os jovens de hoje demonstram que já estão trabalhando por seu próprio futuro, assim como das pessoas que, ou já estão, ou se aproximam hoje da terceira idade, e precisam viver de forma digna.
O vereador Torneirinho, que preside a Comissão Permanente de Urbanismo da CMC, classificou o encontro como de suma importância para Caxias. Ele ficou chateado com o baixo comparecimento de autoridades convidadas (só o secretário de Planejamento Vidigal Torres esteve presente) na reunião que, a seu ver, foi uma contribuição muito benéfica dos estudantes para Caxias ser uma cidade b melhor. Para ele, acessibilidade é humanização, é melhoria de vida, até porque, depois da pandemia, muitas pessoas ficaram com dificuldades de locomoção.
O vereador Charles James também usou a palavra e demonstrou satisfação com as exposições que foram feitas na audiência. Ele se prontificou a intermediar as iniciativas propostas pelos alunos da Unifacema e enfatizou que está ponto para traduzir em proposições legislativas as demandas apontadas. Conforme suas palavras, “esses alunos são o futuro que já estão se fazendo presente. E eu faço parte de uma geração mais nova também que quer mudar Caxias para melhor”, declarou.
A representante da Associação Municipal dos Surdos de Caxias, Aldeane Leão, também falou na audiência, mas para pedir uma atenção maior do legislativo e das demais autoridades face à situação das pessoas que participam da vida em meio a muita dificuldade de adaptação e inclusão ao mercado de trabalho. Para assistir a audiência, ela conduziu um numeroso grupo de alunos surdos, todos já cursando faculdade.
O arquiteto e professor da Unifacema Ezíquio Barros Neto, que intermediou as tratativas para a audiência pública, parabenizou a sensibilidade do presidente Teódulo Aragão por estar abrindo as portas do poder legislativo caxiense à população desde que assumiu o comando da CMC.
Ele pontuou que a audiência não faltou ao propósito de discutir-se os problemas relacionados com a cidade e o bem-estar de seus habitantes, destacando também que os profissionais, arquitetos, urbanistas, e engenheiros também, têm a preocupação de fazer com que as obras se voltem exclusivamente para os usuários, a fim de que tenham uma mobilidade elevada.
Ao se referir sobre o que considera atualmente verdadeiras barreiras para o cidadão transpor em caxias, o arquiteto chamou a atenção para o fato de comerciantes e residentes, pensando em estarem solucionando um problema, acabem por criar outro bem maior construindo calçadas irregulares e rampas de difícil acesso, principalmente em locais de trânsito público elevado, a exemplo do que ocorre em muitas ruas centrais voltadas para o comércio. Para ele, ninguém pode ignorar que existe legislação federal e municipal para balizar esse tipo de comportamento. A presença dessas irregularidades também está contribuindo para que muitos residentes deixem o centro da cidade, abrindo espaço para a chegada de invasores de todo tipo, como já se vê na atualidade, e que contribuem ainda mais para degradar o meio ambiente e os valiosos prédios antigos que lá existem.
Segundo Ezíquio Barros Neto, uma cidade com um centro histórico como o de Caxias não pode deixar seus cidadãos e visitantes à mercê dos automóveis e das motocicletas. “As cidades precisam se voltar para o século 21. Todas as cidades da Europa, americanas e as grandes cidades do Brasil, estão se adequando a essa realidade, transformando seus pontos centrais em espaços voltados para os pedestres, e não mais para o automóvel”, informou.
Falando ao final da audiência, elogiando a presença da Associação dos Surdos de Caxias no encontro, uma organização que cuida das pessoas que lutam para encontrar um acesso maior na vida social e de labor na cidade, o presidente Teódulo Aragão declarou ao arquiteto Ezíquio Neto que o trabalho do dia não ficaria restrito às informações, considerações e recomendações formuladas por todos que se posicionaram no encontro, especialmente os alunos, no sentido de apenas enriquecerem também seus currículos escolares.
Teódulo garantiu que a Comissão Permanente de Urbanismo e de Transportes vai elaborar um relatório para mensurar tudo o que foi dito na reunião, a fim de subsidiar e orientar, a quem de direito, no sentido de vir a ser realizado um trabalho conveniente no centro histórico de Caxias. O setor de documentação da casa, inclusive, foi acionado para levantar toda a legislação atinente ao centro de histórico de Caxias em seus arquivos, como forma de trazer mais luz à solução de um problema que está inviabilizando o centro de Caxias.