Insegurança pública, água na zona rural, recuperação de estradas, definição política, plano de saúde de servidores, são a pauta de discussões da primeira sessão de junho

Destaque

A sessão ordinária da Câmara Municipal de Caxias (CMC), nesta segunda-feira (05), reeditou o que tem sido uma praxe de seus parlamentares, desde o início do semestre, na gestão do presidente Ricardo Rodrigues (PT), que é não deixar espaço de oratória em branco, tanto no pequeno quanto no grande expediente das reuniões legislativas. Desta feita, com 16 edis no plenário, 14 usaram do direito de manifestarem suas opiniões sobre assuntos diversos e do interesse da comunidade caxiense, dos quais, 11, somente no pequeno expediente.

Enquanto na segunda-feira (29/05), no pequeno expediente, a vereadora Ângela Machado (PTC) deu ciência aos pares que estava havendo interferência e mal uso nas conversas do grupo de whatapp da edilidade, o vereador Pastor Marquinhos (PV) chamava a atenção para a falta de segurança nos logradouros públicos recém construídos pelo governo estadual, a exemplo da Piscina do Ponte, e o vereador Neto do Sindicato (PRB) comentava sobre o problema da falta de água em povoados da zona rural, reclamando providências a quem de direito, as argumentações prosseguiram no mesmo tom, na primeira sessão de junho (05/06).

Insegurança

Como a sessão anterior foi suspensa em decorrência de passamento de um familiar do vereador Darlan Almeida (PL), que se encontrava no plenário, o espaço legislativo teve prosseguimento na segunda-feira. Neto do Sindicato, por exemplo, observando que o assunto era recorrente, destacou o clima de insegurança pública no município, principalmente na zona rural.

Ele argumentou que o último fim de semana foi pródigo de violências, com criminosos realizando roubos, assaltos e distribuindo drogas; e disse que hoje, no povoado Caxirimbu, o tráfico está imperando livremente. Para o parlamentar, a CMC deve conclamar o governo estadual, o comandante da PM de Caxias, a fim de que estabeleçam uma rotina de trabalho em povoados como Caxirimbu e Chapada, para retirar de ação os muitos elementos mal intencionados que estão agindo nessas áreas rurais da maior importância para Caxias.

Ver. Neto do Sindicato ( PL)

Revitalização das estradas

O vereador Mário Assunção (PRB), falando em seguida, argumentou pela assinatura de todos os colegas a um requerimento para a Prefeitura de Caxias, pedindo a recuperação de estradas vicinais, ao menos, por enquanto, para os trechos de locomoção mais importantes do interior do município.

Ver. Mário Assunção (Republicanos)

Definição política

Já o vereador Magno Magalhães (PL), alçado pelo diretório municipal do seu partido a falar como liderança na casa, demonstrou preocupação em relação à candidatura a prefeito da base política do governo, advertindo que, enquanto a oposição se mostra mais articulada para a escolha de um nome, a própria assessoria de comunicação da prefeitura faz campanha para outra pessoa que nunca foi preferência do prefeito Fábio Gentil (PRB).

Ver. Magno Magalhães ( PL)

Usando também da palavra em seu retorno à CMC, o vereador Genival Moto Peças (PRB), manifestou agradecimentos a Deus, por estar mais uma vez na casa, cumprindo agora o seu terceiro mandato, substituindo o vereador Professor Chiquinho (PRB), que foi convidado a ocupar cargo no secretariado da Prefeitura de Caxias. O vereador agradeceu os colegas pela acolhida festiva, mas reservou palavras cheias de sentimentos aos seus correligionários, familiares e eleitores que lhe ofereceram mais de 900 votos na última eleição municipal.

O vereador Luís Lacerda (PCdoB), sucedendo o colega, denunciou que muitas escolas municipais continuam sem merenda para os estudantes. Ele destacou que o líder da oposição Daniel Barros (PDT) flagrara na manhã daquele dia uma criança comendo um pedacinho de melão numa creche municipal, refletindo que tal alimentação não dá para segurar uma criança no espaço de tempo que sai da sua casa para ir para a escola, uma vez que sai de casa às vezes sem tomar café. Para ele, o que o gestor público de Caxias está fazendo com as crianças das escolas municipais mostra que ele não tem o menor compromisso, e se não tem compromisso com as crianças, é de se imaginar o que acontece com os adultos.

O problema da falta de identificação política, citado antes pelo vereador Magno Magno Magalhães, para Lacerda se define na expressão “quem afunda o barco é a água de dentro”, na medida em que quem jogou essa água para dentro do barco foi o próprio gestor, fazendo intrigas entre vereadores da sua base política.

Segundo o parlamentar, as conversas printadas dentro do grupo de vereadores, e depois espalhadas nas redes sociais, foram levadas ao prefeito como se ele fosse um pai de vereador, quando, na verdade, a Câmara Municipal, unida, tem o poder maior que pode existir numa cidade como Caxias.

Ver. Luís Lacerda (PCdoB)

“Mas se não estiver unida, fica desse jeito, e vira um quintalzinho da prefeitura, porque não fomos eleitos para ser subservientes ao prefeito, mas ao povo, e se não trabalharmos em favor do povo, 2024 está logo ali, e nossas vagas serão tomadas por outros. O nosso grupo de vereadores foi punido. E ele foi punido porque hoje nós estamos lá só para receber mensagens. Mas digo, aqui, que eu saio desse grupo, porque não vou estar em grupo só para receber mensagens sobre o que tem e o que não tem que fazer, porque não me sinto bem em receber ordens, e até porque ele tem que ser aberto para debatermos os problemas da cidade”, admitiu.

Servidores sem plano de saúde

O vereador Daniel Barros (PDT), após saudar o colega Genival Moto Peças, pelo seu retorno à CMC, e os expectadores da sessão, dentre os quais, conhecidos pré candidatos a vereador nas próximas eleições, cobrou da presidência da casa o retorno de duas indicações suas ao poder executivo, aprovadas em 19 de abril e em 17 de maio. Conforme deu a entender, as duas nunca foram encaminhadas, fato que, para ele, é um posicionamento que está contrariando o regimento interno da CMC, haja vista que a cada proposição aprovada em plenário é concedido um prazo de 30 dias para o executivo aprová-la ou devolvê-la.

Ver. Daniel Barros (PDT)

O líder da oposição falou depois da situação dos servidores do município que se filiaram a uma associação (APECX), aberta em 5 de novembro de 2019, a fim de terem acesso a um plano de saúde da empresa Intermed, com sede em Teresina, e não estão podendo ter acesso aos benefícios porque a entidade não repassa à beneficiária os valores descontados que saem dos salários dos próprios servidores.

Segundo o vereador, isso está acontecendo desde o mês de abril passado. Contudo, mais curioso foi identificar que a tal associação está sediada no prédio da clínica do Sr. Elmano Filho, primo do prefeito Fábio Gentil, na rua Dr. Miron Pedreira, o que é uma grande coincidência, porque o local já está envolvido no escândalo do tomógrafo, investigado pela polícia federal, e, assim, onde há fumaça, há fogo.

“Não estou falando aqui nada para prejudicar A, B ou C. Estou aqui contando a verdade. E só comecei agora, mas estou indo a fundo, ao Ministério Público, porque, com certeza, ficaram com o dinheiro dos funcionários municipais”, avisou, entrando depois no assunto das estradas vicinais trazido ao plenário pelo vereador Mário Assunção, que para ele estão mesmo muito deterioradas, conforme pode comprovar no fim de semana, ao visitar povoados da zona rural.

Daniel Barros também confirmou as palavras do companheiro Lacerda sobre o fato de criancinhas estarem merendando melão. “Eu sou vereador, sou fiscal da lei e tenho que perguntar ao povo como ele está vivendo. Atestei a situação no bairro Bacuri, após ter conversado com várias crianças da creche.

E o prefeito já recebeu quase 60 milhões de reais na educação, mas oferece apenas melão para as criancinhas lancharem. No posto de saúde do bairro a reforma também nunca acaba. Mas, no ano que vem, nós vamos mudar essa realidade”, protestou.

Denúncia gravíssima

Fechando o pequeno expediente, o vereador Catulé (PRB) disse em plenário que ouviu muito bem a denúncia gravíssima do vereador Daniel, enfatizando, em seguida, que ia se aprofundar mais no assunto.

Para ele, “só não ouve quem não quer, pois o funcionário público do município, indo a Teresina, e até mesmo aqui em Caxias, se consultar pelo seu plano de saúde, ser barrado, porque a prefeitura não pagou, não repassou, mas descontou do funcionário. Isso é uma constante. Nós iniciamos, fomos pioneiros, quando presidente desta casa, e instalamos um plano de saúde. Mas o prefeito não podia ficar de fora. Botou esse elemento aí, esse Ermano, para entrar em contrato com a mesma empresa. Cobrou, e extorquiu, cem mil reais da empresa. Aqui, desta casa, eu fiz a denúncia”, frisou.

E, continuando: “Agora, a empresa é dele, em convênio com outra do estado do Piauí, instalada na clínica dele. A sem-vergonhice é tão grande que não se esconde mais. E eu, Daniel, vou mais fundo que Vossa Excelência: a namorada dele é a testa de ferro desta empresa. A montanha pariu um rato. O rato está instalado no poder, e o poder corrompe, tem corrompido a municipalidade de uma forma mais extraordinária, mais terrível do que se pode imaginar, porque quem rouba a merenda escolar, quem rouba o leite das crianças, o remédio dos hospitais, vai morrer na desgraça”, profetizou.

Catulé encerrou a sua participação anunciando que logo depois iria à tribuna se aprofundar mais ainda, chamar a atenção da casa sobre o que já vem falando há mais de um ano, porque tem como inimigo pessoal o procurador do município, que para ele é o rato chefe, aquele que quer negociar os precatórios dos professores.

Ver. Catulé (Republicanos)

“Foi votada uma porcaria aqui, e o prefeito dizer, em outras palavras, que não era isso, que já tinha desistido, e etc, etc… e tal. Entrei agora nessa casa e estou recebendo um relatório do Tribunal de Contas da União (TCU), relativo a uma pessoa que foi prefeito da cidade, e aqui tem quase duzentas multas no processo. Agora, imagina um rato desse. Imagina um cão raivoso, como esse que está instalado na prefeitura, quando sair dali. Eu creio, que esta casa de bons companheiros não terá coragem, de forma nenhuma, de entrar sistematicamente em defesa do rato que a montanha pariu sem desvelo, pariu e deixou as ratazanas para cobrir, através da corrupção e de firmas fantasmas, que ao longo deste ano sairei enumerando elas e os bônus aqui nesta casa. Espero contar com a compreensão e o respeito dos companheiros, aqui desta casa. Porque, assim terei o respeito e compreensão daqueles que porventura não venham me desrespeitar. Sei que o prefeito já reuniu por duas vezes com esta casa, para insuflar os nobres companheiros a atacar o nobre vereador Catulé. Sei de tudo isso. Mas, só irão servir de bucha de canhão e de mamulengo, aqueles que porventura provem que não tiveram caráter”, advertiu.